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quinta-feira, 25 de junho de 2015

FANÁTICOS NOSSOS DE CADA DIA



O que significa a palavra fanático? Vamos pedir ajuda ao dicionário Houaiss:

Fanático (adj.): 1 - que se acredita inspirado pelo espírito divino, por uma divindade; iluminado. 2 – que tem zelo excessivo pela religião; intolerante. 3 – que se mostra excessivamente entusiástico, exaltado, de uma devoção quase sempre cega; apreciador apaixonado.

O adjetivo fanático é frequentemente associado a temas religiosos e políticos. Mas, pode ser usado em um sentido mais amplo. Por exemplo, os Hooligans são fanáticos associados ao futebol. Não é preciso, pois, ir a Teerã ou a Bagdá para conhecer o fanatismo. Ele está bem mais próximo de nós do que imaginamos ou desejaríamos. Infelizmente!

Uma pessoa como “Malafaia”  que conclama a um boicote de uma marca de perfume pelo simples fato de existir uma demonstração, leve, de homoafetividade em um de seus comerciais, pode ser considerado fanático? Vejam a definição de fanático no Houaiss e respondam por vocês mesmos. Percebam que o intolerante não precisa chegar ao extremo de matar ou apedrejar alguém. Na realidade, as palavras proferidas por esse senhor, o Malafaia, são piores que pedras. Muito piores! Elas incitam sim o ódio. Demonizam as pessoas homoafetivas e se colocam até contra quem lhes for minimamente condescendente. Seus discursos servem de esteio para que pessoas ignorantes e/ou mal-intencionadas, algumas doentes, justifiquem e canalizem seu ódio em direção ao diferente, ao que não compreendem. O senhor “Malafaia” atira a primeira pedra e indica quem deve ser apedrejado. Outros, como o “Bolsonaro” e o “Feliciano”, fazem o mesmo, são verdadeiros canais do ódio. Talvez, e é provável, ajam inconscientemente, não percebem a extensão dos seus atos, para onde eles levam. Afinal, quem é fanático não se percebe como tal, é incapaz disso.

Outra questão que devemos colocar: Será que os ativistas gays podem ser chamados de fanáticos? Caso eles apresentassem uma devoção cega como “Malafaia”, “Bolsonaro” ou “Feliciano”, sim! Mas, ainda não vi militantes gays se posicionando contra alguma religião, efetivamente. Conclamando a um boicote de empresas mantidas por evangélicos ou quaisquer outros religiosos, apedrejando crianças por pertencerem a outras religiões, quebrando imagens de santos católicos etc. O que vejo são pessoa se defendendo e buscando seus direitos.


Não precisamos tachar ninguém de fanático, a própria pessoa faz isso com seus discursos. Finalizando: “Se a carapuça do fanatismo lhe cobre o crânio é por que você é o Saci Pererê e não sabe”.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Quadro de greve das universidades federais (04/06/2012)




          A greve das universidades federais avança em todo Brasil. A UFMG também aprovou indicativo de greve sem data marcada para início da greve. O apoio dos estudantes é marcante com 32 universidades onde foram aprovadas paralisações estudantis.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Histórico das greves dos docentes das IFES

          Estamos diante da segunda maior greve dos docentes das IFES desde 1980 em número de IFES, em apenas 15 dias após a deflagração do movimento. O grau de insatisfação da categoria alcança intensidade que se equipara às dos anos FHC. Após 07 (sete) anos sem realizar greve a categoria dos docentes assistiu à precarização de suas condições de trabalho e diante da insensibilidade das autoridades viu-se obrigada a entrar em greve pela defesa de seus direitos.

Mapa da GREVE dos DOCENTES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS - 01/06/2012

         Aqui está uma atualização do mapa da greve, já são 46 universidades em greve, em todo o Brasil. Algumas estão parcialmente em greve, como é o caso da UFG, onde apenas os campi de Catalão e Jataí aderiram à greve. A UFABC definiu a deflagraç...ão da greve para o dia 05 de junho. Notem que a maioria das seções sindicais são ligadas ao ANDES, o PROIFES possui apenas 07 (sete seções sindicais) dentre elas a UFRN e a UFC, algumas universidades possuem seções sindicais sem ligação ao ANDES ou ao PROIFES. O PROIFES, para quem não sabe é estreitamente ligado ao PT. O fato de existirem universidades com associações de docentes do PROIFES aderindo à greve, como é o caso da UFBA, demonstra que mesmo a base do governo está dividida no caso desta greve.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

UFABC aprova deflagração de GREVE!






        A Universidade Federal do ABC, acaba de votar pela adesão ao movimento grevista dos docentes a partir do dia 05 de junho de 2012.

terça-feira, 29 de maio de 2012

GREVE DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS SE ALASTRA PELO PAÍS!


     No dia 28 de maio de 2012, várias manifestações foram realizadas em todas as regiões do país demonstrando a força da GREVE DOS PROFESSORES das INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. Os docentes reivindicam a reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho. Até essa data 45 (quarenta e cinco) universidades já aderiram à greve.



    

sábado, 26 de maio de 2012

O valor do professor

CARTA DE UM PROFESSOR AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO

Caro ilustríssimo sr. Ministro,
        Ouvi sobre a sua ignorância dos motivos de nossa greve nacional, e me senti compelido a esclarecê-lo (vício da profissão de professor, eu suponho). Peço desculpas se o meu português é ruim ou se a sequência das ideias é falha, mas esse é o meu valor. Se eu fosse mais capaz, estaria em uma profissão que me valorizasse mais. Seria ascensorista no Senado, por exemplo (ah, que sonho!). Como diria um vendedor de carros que eu conheço,  ”quem mandou estudar, agora aguente”.  
         Falo de boca cheia, o sr. diria. Argumentaria que recebo muito mais do que a grande maioria da população brasileira, e eu lhe responderia que são poucos os cargos federais que pagam menos do que o magistério, que existem cargos de nível médio no executivo federal que pagam melhor do que os professores doutores recebem. E que o professor é importante para o crescimento da nação (aprendi isso no debate da Dilma candidata - pareceu que ela realmente dá muito valor ao magistério. Votei nela). 
         Mas magistério é um sacerdócio, não é mesmo? É uma profissão feita de abnegação. O que mais explicaria um médico desistir de clinicar para receber o salário de professor federal? Bom, talvez se ele fosse um médico excepcionalmente ruim, daí o salário de professor federal compensasse. Então ele poderia ser um bom professor. 
         O grande motivo da nossa greve, sr. Ministro, é a busca por valorização profissional. Tenho vários colegas professores cujo sonho de vida, hoje, é passarem em concurso para o MCT, ou para o Judiciário, e eu, quem sou eu? Para mim, economicamente falando, me bastaria o emprego de ascensorista no Senado. 
          O sr. tem filhos, sr. Ministro? Netos, talvez? Almeja uma educação com qualidade para eles? O sr. sonha com uma sociedade educada? Culta? Sonha com o Brasil se destacando no mundo como o Japão fez depois da Segunda Guerra? Como a Coréia hoje? 
          O sr. sabe quais são as minhas condições de trabalho, sr. Ministro? Sabe que eu sequer tenho uma mesa para colocar a minha pasta quando eu entro para dar aulas? Sabe que eu, há dois anos, comprei um projetor para dar aulas? Que nós rasgamos as calças ao sentar nas carteiras, por causa dos pregos? Que o computador pessoal que eu uso para dar aulas também saiu do salário que deveria ir para a minha família? Sabe que na minha universidade não existe nenhuma calçada para as pessoas andarem? 
          O sr. imagina qual é a situação dos laboratórios dos cursos em que eu ministro aulas, que são cursos tradicionais, reconhecidos nacionalmente, e que não foram contemplados pelo Reuni? É, são ruins. Não são péssimos, sabe o por quê? Porque os professores, por mérito pessoal e muito trabalho, trazem recursos de pesquisa para dentro dos laboratórios (caramba, isso é desvio de recursos! Dá cadeia?). 
          O sr. sabe, é claro, que o perfil desejável do Professor Universitário Federal é que ele seja doutor, com dedicação exclusiva (é impedido de fazer bicos para completar o salário), pesquisador, orientador e extensionista, e que além das aulas de graduação, forme Mestres e Doutores. Qual é o perfil do profissional que o sr. precisa para executar essa missão? Eu lhe digo. Esse profissional, economicamente falando, é alguém que não teve a competência para achar nada melhor para fazer com a sua vida. É alguém que não foi capaz de passar em um concurso para ascensorista do Senado. É alguém que não conseguiu ser agente de saúde quando terminou o segundo grau, por exemplo. 
          Sim, eu “tenho” carro e eu “tenho” casa. Eu me alimento bem. Meu carro é velho (tem seis anos) e ainda vou demorar dois anos para acabar de pagar. Minha casa é velha também e eu ainda vou levar treze anos para pagar. Essas dívidas consomem quase 50% da minha renda familiar. Tenho que pensar antes de decidir sair para almoçar em um restaurante. E o pequeno detalhe é que tanto eu como a minha esposa somos professores universitários federais e doutores com dedicação exclusiva. Topo da carreira. 
          Bom, mas eu tenho uma perspectiva, não é? De progredir na carreira e melhorar meu salário? Perspectiva? não, não tenho. Não vejo nenhum futuro promissor. Essa carreira que o governo me oferece não irá melhorar a minha vida, a não ser um pouco, no momento mágico da progressão em que eu me tornar professor associado, ou com a utopia de passar pra professor titular (a minha universidade não tem nenhum. Teve uma vez, nos meus 22 anos de funcionalismo federal em universidades, que eu conheci pessoalmente um Titular. Deve ser mais fácil achar um jacaré no Tietê). 
          Eu espero, apesar das minhas deficiências, que o sr. tenha entendido um pouco do porque eu  e 45 universidades federais brasileiras estamos em greve. Desculpe-me se eu não posso elaborar mais, mas tenho um relatório de pesquisa para terminar e alunos de doutorado para atender, apesar da greve. Se eu achar tempo, também preciso ver se abriu vaga para ascensorista.
 
Um grande abraço, sr. Ministro, e obrigado por tudo.
 
Prof. Jeferson Dombroski